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Mostrando postagens de outubro, 2025
Quando me olho no espelho, quantas arestas ainda percebo por aparar? E então me lembro: para cada aresta aparada, mais duas eu perceberei. Percebendo a impossibilidade de me tornar liso, restou-me apenas amar o processo de virar escultor de mim mesmo.
Quem tem medo da escuridão não consegue apreciar o brilho das estrelas. E quem tem medo da solidão não ouse se apaixonar — o amor também tem as suas noites. E poderia ainda dizer-te: nas noites de lua cheia   as mais belas constelações   perdem seu esplendor —   ofuscadas pelo seu brilho.
Compartilhamos o mundo, mas meu universo é só meu. Suas leis são minhas convicções, e apenas eu me submeto a elas. Meu modo de pensar, de viver, minhas crenças — verdades só minhas, que podem ou não ser verdades para você. Em meu universo, o pouso de uma abelha em uma flor talvez seja um ato divino. Em meu universo, E ainda assim, respeito o seu medo da dor do ferrão. 
Minhas palavras disfarçam, escondem a criança que ainda sou. Minhas ações, meu olhar, a revelam discretamente, como se minha mente não conseguisse contê-la. Ela está no choro contido, no colo não pedido, na necessidade de carinho reprimido. Mas quando vejo a chuva, quando seus pingos tocam meu rosto, ela ressurge — parecendo fogo que brota da água, como uma fênix que renasce, e em mim ela volta a sorrir.  
Que eu seja a paz que tanto busco, que leve o amor que desejo receber. Que meu sorriso seja motivo de alegria, e faça você sorrir também. Mas, quando eu chore, que não lhe cause tristeza, e sim gratidão, pela chance de ser o acalento, o amparo de alguém. E quando eu me for,  que a saudade preencha o vazio, na esperança de que nas diversas espirais existenciais possamos, um dia, nos reencontrar. 
Contemplei o sol, as estrelas, a lua e sua magia. E, nas crianças, um dia, passei a ver, além do olhar, algo na forma como riam, como se divertiam, Poderia parecer que foi assim que percebi a necessidade de escrever poesias. No sol que se põe e depois volta a nascer, nas árvores que, todo ano, tornam a florescer, e nas abelhas que, de flor em flor, não param de voar para o néctar coletar. Também no sorriso despretensioso, no "bom dia", e no abraço caloroso. Mas o principal foi o significado de um belo nome.
E quando este corpo à Mãe Terra seus tributos pagar — e de minha existência apenas a saudade restar naqueles que me amaram, e em alguns poucos com os quais convivi, do meu ego, o que restará? Para o meu eu, minha consciência, o que mais importará? Onde — e como — meus tesouros guardarei? 
E mesmo aquela flor que desabrochou, exalou seu perfume e murchou sem gerar nenhum fruto — mesmo essa, talvez um dia, tenha sido visitada pela abelha e doado seu néctar à colmeia. 
E quando escureceu, já não enxerguei nenhuma sombra. E no silêncio da escuridão, se foram os preconceitos. E enxerguei apenas com os olhos da mente. Isso me faz lembrar de quando, num cochilo antes de dormir, uma voz murmurou: "Eu sou os olhos da noite." Se foi sonho ou se foi real, ainda não sei. Imagino apenas que jamais esquecerei. E hoje fico a pensar: O quão claro o quão límpido os olhos da noite poderiam enxergar.
Quando nossas dores se tocam crescemos juntos. 
Que minha dor não lhe cause dor. Que suas dores não sejam motivo para espalhar mais sofrimento. Cada um já luta suas próprias lutas. Mas quando nossas dores se tocarem, nenhuma luta será só sua e minha dor não será só minha. 
Alguns remédios só chegam em abraços apertados. Algumas dores só se aliviam na presença, mesmo em silêncio, de um ombro amigo. 
Todas as noites, antes de dormir, ainda peço em oração proteção a Deus para ti. Ao raiar do dia e ao entardecer, contra minha vontade, minha mente tenta chegar até você. O meu coração já não sofre tanto: a distância ou a ausência já não são tortura, estão mais para cura. Mas isso não significa esquecer de você, Pois sempre lembrarei com carinho, com gratidão: por tudo, por todos os sins, principalmente pelos nãos... pela maturidade, pela calma, por tua amizade.